RELATÓRIO DE ATIVIDADES – DEZEMBRO DE 2010
A data da Ordem de Início de Serviço é 30/11/2010.
1ª Atividade: Primeira caminhada pelo Peabiru, partindo da Fonte em direção à estação do Metrô Butantã
Em 05/12/2010, nos encontramos na Rua da Fonte. Domingo de sol escaldante, 9h30, horário de verão. Dinho Nascimento abre o cadeado que não estava trancado e um a um adentramos à Chácara da Fonte pelo pequeno portão. Roupas leves, repelente (olha aí, cuidado com a dengue!), caminhamos cerca de cem metros entre árvores, cipós e mato, até nos depararmos com uma gruta de pedra formada por uma enorme rocha com dois arcos e dois ambientes: um para banho, outro escuro, uma grande rocha. Um deles abriga a Fonte que jorra água mineral pura e cristalina numa rústica banheira cujas paredes estão recobertas por azulejos. Muro de pedras sobrepostas está erguido de ambos os lados da gruta. Há quanto tempo estarão ali? O ambiente fresco e agradável. São Paulo parece distante. Mistério. Molhamos os pés e banhamos o rosto. Era fundamental que toda a equipe sentisse esta energia, era fundamental que iniciássemos nosso projeto na Fonte. Existem rumores de que azulejos portugueses ladrilhavam as paredes e a imagem de um santo feita de barro ocupava o nicho que ficou vazio. Maria José Silva Querido nos conta, em seu livro “Butantã e suas Veredas”, que em 1765 a Vila Pirajuçara, antigo pouso de bandeirantes, já era citada como bairro.
Ação mais recente colocou tijolos de alvenaria sobre uma laje: ali mora o casal Nelson e Rosana.
É evidente a importância histórica, arqueológica e antropológica desta gleba localizada entre as ruas Padre Justino e Santanésia, antiga Estrada de Itu, nas adjacências da Av. Corifeu de Azevedo Marques. Desse modo, assim como outros projetos que instituíram parques temáticos como “Estrada Real” de Minas Gerais e “Campina da Lagoa” no Paraná, “Peabiru, um Caminho Suave” é a seqüência de uma luta contra o avanço do descaso ambiental e descuido dos patrimônios históricos provocado também pela especulação imobiliária.
Imbuídos da importância deste momento, esta primeira caminhada prosseguiu pela rua Santanésia, cruzamos a Rodovia Raposo Tavares e seguimos alcançando vestígios remanescentes de uma história que não está nos livros, mas visceralmente na geografia da Vila Pirajuçara: vielas inexplicáveis para os dias de hoje, calçamento de paralelepípedos, levam justamente à curva do Rio Pirajuçara (hoje coberto de concreto). Uma curva tão acentuada…. é lugar onde a correnteza diminui sua velocidade, e por isso, mais fácil para se atravessar o rio.
Seguindo adiante, muitos grandes terrenos baldios sugerem uma ocupação que ficou embargada pelos inventários complicados. Num destes terrenos espaçosos, uma seqüência de pequeninas casinhas de telhas feitas nas cochas e muro de tijolões justapostos sem cimento. Mais adiante, noutra curva do caminho, uma ponte onde se vê várias formas de construção, desde cascalho e paralelepípedos.
De nossas conversas nascem idéias, brotam nomes de figuras históricas, e a necessidade de promover ações para que as raízes de nosso povo sejam uma experiência viva para as futuras gerações. E passamos a imaginar onde construiríamos as passarelas para resgatar todo o percurso, já que agora ele vai sendo interrompido pelas congestionadas avenidas cheias de carros.
Participaram desta primeira “expedição”: Cecília Pellegrini, Dinho Nascimento, Vani Fátima, Nelson Conde, Alice Ramos e o pequeno Gabriel, Satie Wada, Paulo Almeida, Leila Monsegur e Marcos Dafeira, que encontramos por acaso e oportunamente pelo caminho .
Roberta de Carlo Smith, pesquisadora e historiadora, e Paulo Almeida, poeta e dramaturgo, passaram a integrar nossa equipe de trabalho
Segunda atividade – Pesquisa
O interesse pela leitura e pesquisa na internet surgiu imediatamente.
Os livros: 1- “Peabiru: Os Incas no Brasil”, de Luiz Galdino, Belo Horizonte, Ed. Estrada Real, 2002. 2- “A história de um país inexistente: Pantanal entre os séculos XVI e XVIII”, de Maria de Fátima Costa, São Paulo, Estação Liberdade Kosmos, 1999. 3- “Flecha Dourada”, de Lauro Lima.
3ª atividade – Reunião do grupo de trabalho
Os primeiros passos são mais difíceis de se dar. Necessitamos acertar nossa linguagem, rever propósitos, estabelecer estratégias. Lembramos nossa própria história, enquanto comunidade, até chegarmos a escrever este projeto, afirmamos que a maior quimera será a preservação da Chácara, da Fonte, da Bica e dos vários trechos preservados do velho Peabiru. E da importância de conhecermos e escrevermos a história da ocupação deste solo. Conversamos sobre a importância da divulgação, da hospedagem de um site, da urgência em se criar uma logomarca e se conhecer outras ferramentas de rede. Ações que darão amplitude a nossas atividades.
Definimos os responsáveis por ações e demos inicio ao nosso planejamento individual e em grupo.
Criamos um gmail para ser utilizado pelo grupo: fontedopeabiru@gmail.com
4ª atividade – Reunião com Comissão de Acompanhamento Técnico (CAT)
Em 14 de dezembro, fizemos uma reunião no Parque da Previdência com técnicos da CAT, para esclarecimento sobre a administração financeira, relatório de atividades e prestação de contas.
5ª Atividade – Plano de trabalho para 2011
Em 21 de dezembro, nos reunimos novamente. Decidimos que cada um faria o relatório das próprias atividades realizadas em dezembro, que seria utilizado na realização do relatório final.
Decidimos contratar uma assessoria de imprensa e contatamos Iara Filardi.
Começamos a organizar o mailing de divulgação.
Começamos a trabalhar as diretrizes para a concepção, preparação e realização do espetáculo teatral; locais para ensaio e apresentações; e cronograma.
6ª atividade – Acompanhamento do processo de tombamento da chácara
Em 23/12, o DPH/SMC (Departamento de Patrimônio Histórico do Município) nos informou que o Tombamento deve estar decidido até setembro de 2011.
Soubemos que a família Basile encaminhou ao CONPRESP novo pedido para desmembramento da área. No ano passado, em 2010, na reunião do CONPRESP para decidir sobre o anterior desmembramento solicitado pela família Basile, defendemos a necessidade de manter a Chácara íntegra, sem desmembramento, pois é a totalidade desta área que deve ser desapropriada e convertida num Parque Municipal. A batalha foi tensa e difícil. Tivemos o apoio do Deputado Federal Carlos Zaratini. E conseguimos nosso intento: a Chácara da Fonte permanece uma única gleba de terra.
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