PEABIRU, O CAMINHO SUAVE

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES REALIZADAS EM JULHO/2011

Este oitavo mês de projeto foi marcado por várias surpresas, algumas delas desastrosas.

Primeiramente, fomos surpreendidos com tratores-escavadeiras e caminhões removendo a terra da Chácara da Fonte, na área próxima à Av. Corifeu de Azevedo Marques, ao lado do Posto de Gasolina. Muitos moradores do Butantã nos procuraram para relatar o fato. Tiramos fotos e mandamos e-mails mas no dia seguinte, 26/07, as máquinas continuavam trabalhando. Novas fotos, novos e-mails, nossa comunidade estava apavorada. Mas logo chegou e-mail do Subprefeito do Butantã, Sr. Daniel Rodrigueiro, dizendo que se até o dia seguinte não recebesse documento autorizando aquela obra, ela seria embargada. E assim aconteceu: a obra foi embargada no dia seguinte, dia 27/08/2011. Foi uma alegria enorme. Em 2001 tentamos embargar a construção do posto de combustíveis, em área que exigiria autorização do CONDEPHAAT pois está na envoltória do Instituto do Butantã tombado, e que exigiria um estudo mais cuidadoso e talvez tanques de combustível especiais por se tratar de área de nascentes, e não tivemos sucesso. Ter agora conseguido este embargo foi muito significativo, sem dúvida um resultado das atividades que temos desenvolvido com o recurso que recebemos do FEMA.

Observe a rapidez: acima, foto do dia 25/07, abaixo foto do dia 26/07.

Outra situação difícil para nós aconteceu depois que realizamos nossa terceira caminhada, quando fomos descarregar as imagens filmadas para proceder a devida edição e nos demos conta que a fita onde as imagens foram registradas, estava ilegível. Motivo? Muito provavelmente, a qualidade da fita que havia sido adquirida. Foi difícil aceitar este fato, tentamos realizar a leitura da minidv em várias máquinas diferentes, sem sucesso. Felizmente restaram as fotos e imagens registradas com nossa câmara fotográfica (algumas fotos serão mostradas mais abaixo)

Também tivemos um acidente com o material postado no site: na instalação de um novo plugin para a criação de um álbum de fotografias, a maioria das imagens armazenadas no servidor foi perdida. O motivo, desconhecido. Já iniciamos o recarregamento destas imagens.

Finalmente, e talvez este tenha sido o pior dos ocorridos, o local onde funciona a maior parte das atividades da Associação Cultural da Comunidade do Morro do Querosene foi assaltado a mão armada, no sábado, dia 30/07, por volta das 20h30. No que diz respeito ao projeto, os 4 assaltantes levaram nossos telefones celulares e fixo, nossa filmadora e um computador (que era mais novo e tinha mais recursos, inclusive para a edição devídeos). Na hora do assalto, ficamos apavorados que eles também levassem nosso computador mais velho onde estão armazenadas a maior parte das informações deste projeto e pedimos aos ladrões que deixassem, pelo menos, a console (gabinete onde estão cpu, memória e drivers). Atendendo ao nosso pedido, ou mais provavelmente porque se tratava de uma máquina bastante antiga, eles deixaram a console, levando apenas o monitor (vídeo) e o teclado. Felizmente não houveram agressões físicas maiores do que aquelas provocadas pelo susto, ameaças e invasão generalizada. Já estamos nos reestruturando, um vizinho nos arrumou um monitor, compramos novo teclado e telefones, falta apenas comprar um filmadora para registrarmos a 4º caminhada, backup dos arquivos e torcer para que o velho computador aguente até o final do projeto.

Atividades do GT Pesquisa

Dia 06/07, às 9h, no Parque da Previdência, aconteceu a reunião ordinária da REDE-BT. Dos assuntos da pauta constava “O Parque da Fonte”, não podíamos deixar de comparecer. O maior interesse dos presentes versava sobre a Audiência Pública, que aconteceu no mês passado, e sobre a situação atual do processo de criação do Parque. Da reunião participavam muitos munícipes, funcionários da Secretaria da Habitação, da Ação Social, do Verde, além das ONGs da região. O subprefeito Sr Daniel Rodrigueiro também estava presente e deu seu depoimento sobre as questões apresentadas na Audiência Pública. Participando desta reunião, além de divulgarmos nossas ações, também nos inteiramos dos vários movimentos irmãos, o que não deixa de ser uma das propostas deste projeto “Peabiru, o caminho suave”.

Dia 14/07 realizamos nossa 3º Caminhada. Seguimos pela Av. Antônio Heitor Eiras Garcia, visitamos o Educandário D. Duarte com suas edificações muito antigas, (também uma ZPEC em processo de tombamento) e continuamos a mesma Eiras Garcia, atravessando os bairros João XXIII, Arpoador e João Paulo VI.

Teatro no Educandário Don Duarte construído em 1934.

Às vezes ficávamos em dúvida em como prosseguir mas, sem que perguntássemos a qualquer pessoa, apoiados no conceito de curvas de nível e subidas suaves, conseguíamos identificar a continuação do nosso caminho. Quando chegamos à Vila Nova Esperança, em frente ao Parque Tiso, nos deparamos com a situação de angústia e desespero em que vive aquela comunidade: um grande movimento de piruas, profissionais da CDHU, moradores quietos, um clima de grande tensão. Continuamos, a estrada era de terra. Sinuosa, ela mantinha grande visibilidade de um lado e/ou de outro, em vários trechos seguia na crista da montanha. A vista era muito bonita, muita mata , o ar da manhã, muitas pedras curiosas.

Avistamos uma estrada, era o Rodoanel. De frente para o Rodoanel, descansamos sentadas num banco de madeira sob uma árvore, nem acreditávamos estar vivendo aquela situação.

Passamos por um local chamado Vista Alegre e descobrimos que já estávamos no município do Embu das Artes e, quando vamos chegando na cidade, surpresa, um muro de pedras sobrepostas sem argamassa, pedras parecidas como as da Fonte, segurava o último barranco da estrada de terra antes que ela se juntasse à uma rua asfaltada da cidade.

Visitamos o Centro Histórico de Embu e seguimos para Cotia seguindo ruas e caminhos sinuosos, escolhendo as inclinações mais suaves ou curvas em nível.

Chegamos na Igreja Matriz de Cotia, estilo barroco, à beira de uma rua e, em frente, uma praça com alambrados, um mirante de onde se avista longe muita mata, mais longe São Paulo, e logo abaixo o Peabiru (um mirante que estrategicamente mostra quem se aproxima pelo Peabiru, e que poderia controlar as mercadorias que por ali passassem e as pessoas que por ali transitassem).

Alguém falou que a palavra Cotia vem de Acotia que na língua Tupi-guarani significa encontro.

De Cotia fomos até a Aldeia de Carapicuíba, desta vez utilizamos a Rodovia Raposo Tavares. Segundo o Secretário de Cultura de Carapicuiba, que nos recebeu, esta aldeia é a única do Brasil que restou dos aldeamentos jesuíticos do século XVI. Visitamos a pequena Biblioteca localizada na praça, a igrejinha, o velho sanatório que hoje se tornou uma Faculdade e as obras de um Museu de Arqueologia que está sendo construído pela FALC (Faculdade da Aldeia de Carapicuíba) em parceria com a Prefeitura do Município de Carapicuíba, para abrigar ossadas e objetos indígenas encontrados recentemente.

Em relação a outra pendência, levou um mês mas finalmente conseguimos que o Instituto Butantan nos entregasse um cd com as fotos que selecionamos de seu acervo

O GT Pesquisa continuou assessorando o GT Teatro e o GT Web-site , no conteúdo a ser transmitido por estas duas linguagens.

GT Teatro

O espetáculo teatral, “Peabiru, o caminho suave”, continua sendo construído com a colaboração de todos.

Neste mês , todos os locais onde ocorrerão as apresentações ficaram definidos : CEU Butantã (17/09/2011), CEU Uirapuru (22/09/2011), Páteo de Colégio (01/10/2011), Centro Cultural Rio Verde (07/10/2011) e Praça do Morro do Querosene (data a ser definida). Um ensaio aberto será realizado na Escola Estadual Alberto Torres, com data e horário ainda a serem definidos.

Também conseguimos completar o elenco com a atriz Lara Giordano, o ator Ícaro Rocha, os músicos Marcos Dafeira (que já havia iniciado sua participação em junho) e Lourival Miranda. Leila Monsegur será a responsável pelos efeitos visuais e Daphne Cristina, que já participa como atriz, substituirá Orates Abatuque na cenografia..

A proximidade da estreia, 17/09, fez com que decidíssemos aumentar a duração dos ensaios que a partir de 09/08/2011 passará a ser às terças e quartas-feiras, das 13:00hs às 17:00

O texto dramático começa a ganhar corpo, tem sido trabalhado arduamente. E já preparamos o release para divulgação na imprensa.

Segue, abaixo, as atividades desenvolvidas nos ensaios que aconteceram nos dias 01, 06, 08, 13, 15, 20, 22, 27, 29 de julho/2011:

01/07/2011
– Concentração
– Trabalhos de percepção, mantra, estado de consciência
– Aquecimento corporal
– Aquecimento vocal
– Ritmo
– Relaxamento
– Ensaio das cenas iniciais (marcações)
– Leitura da continuidade da peça

06/07/2011
– Roda de conversa
– Leitura de texto para possível inserção no espetáculo
– Tiragem de medidas dos participantes para confecção dos figurinos (feita por Mariana Acioly)
– Leitura de trechos do livro “O despertar da Águia (Leonardo Boff), proposto por Paulo Almeida, para reflexões em nosso processo de construção do espetáculo
– Orates expôs que está fazendo para o cenário
– Discussão sobre organização de cenário e figurinos
– Discussão sobre efeitos visuais para o espetáculo
– Dinho Nascimento deu algumas informações sobre a trilha sonora do espetáculo
– Aquecimento corporal
– Aquecimento vocal
– Travalínguas
– Leitura de palavras indígenas com a sensação estimulada pelo significado em português

08/07/2011
– Roda de conversa
– Discussão sobre o andamento do espetáculo
– Roberto apresentou material de pesquisa sobre Pai Sumé e o Peabiru
– Aquecimento corporal
– Aquecimento com maculelê
– Aquecimento vocal
– Ensaio/criação cena da reunião do grupo da comunidade que está lutando pela criação do Parque da Fonte
– Conversa sobre informações a serem dadas por meio dessa reunião
– Visita do Márcia (do CAT do FEMA/SVMA), e da Cecília Pelegrini

13/08/2011
– Roda de conversa
– Apresentação do texto, já formatado, referente às cenas já concretizadas
– Mariana informou sobre o andamento dos figurinos
– Aquecimento corporal
– Aquecimento vocal
– Relaxamento
– Passagem das cenas construídas
– Avaliação e sugestões (imagens a serem projetadas)
– Entrada do músico Lourival Miranda, que participará do espetáculo
– Definição do Centro Cultural Rio Verde para a realização de uma das apresentações do espetáculo, que será em 07/10/2011

15/07/2011
– Contato com algumas peças de figurino e adereços
– Definição do Páteo do Colégio para ser um dos locais para as apresentaçõesque será em 01/10/2011
– Aquecimento corporal
– Ensaio da peça

20/07/2011
– Aquecimento corporal
– Aquecimento com maculelê
– Roda de conversa (avaliações das encenações)
– Integração de Leila Monsegur ao grupo (será a responsável pelas imagens a serem projetadas)

22/07/2011
– Aquecimento corporal
– Alongamento
– Aquecimento vocal
– Respiração
– Relaxamento
– Concentração
– Ensaio e devidos acertos das cenas já construídas
– Roda de conversa (avaliações)
– Marcação do dia para fotos de divulgação do espetáculo (02/08/2011 às 12:00 horas)
– Entrada do ator Ícaro Rodrigues da Rocha para o grupo

27/07/2011
– Conversa com Leila Monsegur sobre imagens a serem projetadas durante o espetáculo
– Aquecimento corporal
– Relaxamento
– Aquecimento vocal
– Aquecimento vocal com música criada por Dinho Nascimento e Marcos Dafeira, em Tupi
– Inclusão de novas cenas para o espetáculo
– Passagem das cenas já criadas
– Revisão das cenas
– Roda de conversa
– Troca de responsável pelo cenário: ficou definido que Daphne Cristina F. Vieira será a responsável pela cenografia, no lugar de Orates Abatuque

29/07/2011
– Aquecimento corporal
– Relaxamento
– Aquecimento vocal
– Respiração
– Aquecimento vocal com música, em Tupi, criada por Dinho Nascimento e Marcos Dafeira
– Ensaio das cenas já construídas com ênfase na cena da reunião da comunidade
– Roda de conversa

– Confirmação do dia 02/08/2011 para sessão de fotos

– Alteração de dias e horários para ensaios: a partir de 09/08/2011 os ensaios serão às terças e quartas-feiras, das 13:00 às 17:00 horas

– Definição de apresentação do roteiro final até o dias 03/08/2011

GT Web Site
No mês de julho, aprendemos lidar melhor com as ferramentas de edição de vídeo e começamos a editar nossa Primeira e Segunda Caminhada para postá-las no site. Esta atividade demanda tempo, atenção e criatividade. Nossa intenção é publicar um vídeo que além do traçado, mostre peculiaridades do Peabiru na atual Vila Pirajuçara, suas mudanças e permanências, da forma mais didática e acessível a todos. É muito interessante fazer o registro de algo tão antigo como é o Peabiru, que em determinados pontos ainda mantém seu aspecto original.

Durante todo o mês de Julho foram colocadas novas informações no site.

GT Simpósio
O livro de Luís Galdino , “Os Íncas no Brasil”, foi muito importante em nosso processo de aprendizado pois foi através dele que pela primeira vez vimos o traçado de um caminho milenar que vinha dos Andes ao Atlântico, aberto pelos Incas no ano 1000, da proibição de Tomé de Souza e da existência de Pai Somé, um mito para os índios à época do descobrimento. Este livro nos chegou às mãos de uma forma muito curiosa: a revista Terra, de janeiro de 2003, trazia uma resenha sobre este livro, e muito casualmente, encontramos esta revista numa banca de jornais. A reportagem aguçou nosso interesse e, também muito curiosamente percebemos que conhecíamos o autor do artigo, embora já não tivéssemos seu contato. Passam-se alguns dias e, também muito casualmente, encontramos a esposa deste nosso velho amigo na sala de espera do nosso dentista. Poucos dias depois, ela trouxe o livro à nossa casa.

Procuramos por Luís Galdino muitas vezes, sem sucesso. Só sabíamos que o livro havia sido publicado pela Editora Caminho Real, de Belo Horizonte, e Luís Galdino trabalhava na Universidade de Juiz de Fora.

Pois bem, agora, para participar do nosso Simpósio “Juntos no Peabiru” encontramos Luís Galdino, que disse estar ciente do nosso movimento pela preservação de uma Fonte à beira do Peabiru, disse sentir-se muito honrado com o convite e confirmou sua participação. Como se não bastasse tanta notícia boa, disse ainda que está morando no Butantã. Para finalizar , insistiu que convidássemos Hernani Donato, um escritor/pesquisador que tem muito conhecimento sobre o Peabiru.

Falamos também com o professor Gustavo Rocha, da FAU-USP. Gostaríamos muito que ele participasse deste Simpósio, já que, no início das nossas pesquisas, quando montamos o processo de tombamento em 2001, ele nos falou dos seus estudos sobre o Peabiru, nos recomendou ler o trabalho realizado por seu orientado Lessa, e disse desconhecer quem tivesse mencionado sobre este trecho do Butantã acrescentando que ele mesmo nunca tinha parado pra pensar sobre este assunto mas que sem dúvida a Eiras Garcia era Peabiru assim como a Rua Butantã e a Rua dos Pinheiros também era. Mas não houve jeito de convencê-lo. Aposentado e com idade avançada, ele insistiu que convidássemos seu aluno Lessa ou outros professores da FAU. Ele, decididamente não quer aparecer em público, não vê graça nenhuma em encontrar outros idosos como êle (pois haverão muitos neste simpósio), enfim, êle gosta é de passear com os netos, orientar pessoas mais jovens, e não participará do evento. Terminou nos desejando boa sorte e dizendo que estamos de parabéns.

Quanto à Niéde Guidon, não conseguimos entrar em contato embora tenhamos feito várias tentativas. Por outro lado, já temos confirmadas presenças tão interessantes que estamos achando que não valerá a pena trazer Niéde Guidos do Piauí, já que ela não é considerada uma especialista em Peabiru e já que ela teria muito pouco tempo para falar das suas próprias pesquisas.

Ligamos para o gabinete da Secretaria dos Negócios Jurídicos, enviamos um e-mail mas ainda não temos a confirmação do Sr Cláudio Lembo. Também enviamos e-mail para o Secretário do Verde, Sr Eduardo Jorge, e o Secretário da Cultura, Sr Calil, e estamos aguardando resposta.

 

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