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Manifestando pela divulgação da história do caminho do Peabiru; manifestando pela preservação da chácara a ser transformada (futuramente, esperamos) em espaço de lazer e cultura; manifestando em defesa da fonte que emana água pura. A ManiFestAção aconteceu sob a benção das águas que vinha esporádicamente do céu, e foi puro show.

Logo pela manhã, palco montado, chegavam as primeiras pessoas num domingo que prometia ser de sol. No chão, Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene dava as boas vindas em um ritual histórico com César Cayon tocando didgeridoo, mesclando sons de origens tribal angolana e aborígene australiana. Jorge Fofão com indumentária e etnia indígena dançava, e todos seguiam o cortejo liderado por Dinho Nascimento que teve permissão concedida pelas entidades protetoras da natureza. Iniciou entrando na chácara, através do caminho do Peabiru, cantavam e louvavam à mata e as águas. Outro momento belíssimo foi a saida em fila indiana, todos num só refrão: Adeus, adeus eu vou embora, vou com Deus e Nossa Senhora! Já na rua, os mestres convidados Brasilia, Alcides, Jaime, Sargento, Kako, Graúna, Tio João, Lambari, Sorriso, juntaram-se as crianças, jovens e adultos presentes para assistir a apresentação da Orquestra de Berimbaus, finalizada com a formação da roda e o jogo de capoeira.

Como todo bom domingão não pode faltar churrasco e samba, o Samba da Casa fez sua parte musical e as barraquinhas instaladas na Travessa da Fonte, onde tinha churrasquinho, fez sua parte gastronômica. Aliás o portão ficou aberto todo o dia e muitos puderam confirmar a existência da tão importante fonte. Henrique Menezes e banda Bom que Dói colocaram um pouco mais de agitação, sem dor, ainda pela manhã, com intervenções poéticas Maloqueristas e musicais de Malungo. Muita cor, alegria, fantasia e admiração nos olhares das crianças e adultos presentes no público quando na chegada do cortejo do Grupo Cupuaçu com todas aquelas vestimentas exóticas, colocaram todos pra dançar. Na sequência, reggae itinerante, esta é a denominação da banda Ambulantes, que se apresentou alí por volta da hora do almoço.

Começo da tarde, a massa se formando ao som do hip hop dos Manos Urbanos e intervenções poéticas de Hugo Paz, e musicais de Emerson Boy e Marquinhos Mendonça. Chegou o momento da terra da chácara da fonte tremer literalmente com as batidas nervosas dos tambores do Treme Terra, com participação de Gaspar (Z'África Brasil).

São três propostas principais do projeto Peabiru, o caminho suave, uma delas é a apresentação de um espetáculo teatral para difundir a história e sensibilizar as autoridades sob a necessidade da preservação do local. Uma prévia deste teatro foi encenada no chão, integrando o público que era conduzido a uma fonte artificial montada próximo a entrada da chácara. As outras propostas são a criação do site com informações mais profundas sobre todo o processo e a realização de um simpósio ou encontro de cientistas, ambientalistas, educadores e estudiosos, para discussão e afirmação das diferentes visões.

Banda Isca de Polícia chega, mas sem a polícia, apenas um pouco de chuva que não intimida os presentes. No entardecer, já escurecendo, Planta & Raiz coloca todos para pular e a perseverar mesmo embaixo de chuva, segundo palavras de Zeider, vocalista da banda. O momento reflexivo-musical com as engajadas palavras de Roberta Estrela D'Alva (cantora e atriz) sobre a temática racial, do grupo Frente 3 de Fevereiro e participação de Gaspar (Z'África Brasil), Tião Carvalho, Dinho Nascimento e mais poesia antecedem a entrada de Nasi que inicia o show com "Mosca na Sopa" de Raul Seixas com uma levada de berimbau do Dinho Nascimento; diga-se de passagem, ficou muito boa a mistura, incrível.

Chegado o final do evento que transcorreu programaticamente dentro do esperado, terminando exatamente às 22h após apresentação da banda Peixelétrico, que mandou um bom xote colocando todos dançando bem juntinho. Os mestres de cerimônia e principais organizadores do evento, Cecília e Dinho Nascimento acompanhados por Nasi, agradecem a todos e encerram uma grande noite de ManiFestAção.

O evento ManiFestAção mostrou a que veio e prova que quer ficar, e de preferência alí, naquele lugar, na chácara, na fonte, no espaço de cultura e lazer que será patrimônio de todas as comunidades, não apenas do Morro do Querosene.

A Associação Cultural do Morro do Querosene agradece a todos.
Muito Obrigado (a).

Observações importantes:
Nenhum dos artístas que se apresentaram, tão pouco a equipe de produção envolvida nesta empreitada sóciocultural cobraram pelo esforço doado. Todos trabalhavam pela causa e repetiriam se fosse necessário. Durante todo o evento não houve nenhuma ocorrência negativa, para todos os presentes são só elogios, inclusive da vizinhança e imediações.